quinta-feira, 29 de março de 2012

Presídio Baldomero Cavalcante pode ser demolido

A fuga ocorrida na noite desta quarta-feira (28) expôs, mais uma vez, toda fragilidade do presídio Baldomero Cavalcanti. O próprio superintendente Geral da Administração Penitenciária (Sgap), em exercício, tenente-coronel Maros Sérgio, admitiu que não há mais condições de funcionamento da maior penitenciária do Estado.
"O presídio Baldomero Cavalcanti tem problemas estruturais desde sua construção, o que dificulta a segurança. O Estado pagou por uma penitenciária de segurança máxima, que não foi feita. Não há como reformar, já que a questão é de estrutura. Mas já estamos trabalhando para a construção de um novo presídio e buscando vagas emergenciais para reduzir a população carcerária do Baldomero", disse Marcos Sérgio.
O superintendente em exercício - já que o titular Carlos Luna está em viagem de trabalho - apontou alguns problemas de segurança que inviabilizam o funcionamento do Baldomero: "as paredes não foram construídas com concreto e são facilmente quebradas; há apenas oito torres de monitoramento para mais de 500 metros de muralhas; não há concreto no solo, facilitando a construção de túneis. Além de outros pontos que eram para ter sido construídos, mas não foram".
Apesar de admitir a falência da penitenciária, Marcos Sérgio ressaltou que a Superintendência vai continuar trabalhando para manter a segurança e as boas condições de abrigo dos presos que estão no Baldomero Cavalcanti. No entanto, o principal desafio é conter a insatisfação de uma população carcerária de 760 homens em um espaço construído para abrigar apenas 400.
"Quando ficamos em casa, em boas condições, ficamos querendo sair. Imagina um preso que está em uma cela onde caberiam quatro, mas está obrigando oito. É difícil, mas nosso trabalho é mantê-los presos", ressaltou Marcos Sérgio.
O superintendente em exercício ressaltou que os problemas estruturais do presídio são antigos e datam de mais de dez anos.
Um dos principais críticos da estrutura do Baldomero e responsável pela Vara de Execuções Penais, juiz José Braga Neto, também afirmou que não há mais condições de manutenção da penitenciária. Após fazer uma visita a toda estrutura do presídio, ele foi enfático: "não há como reformar. Tem que derrubar e construir um novo", afirmou.
Em apenas duas semanas, foram registradas duas fugas no Baldomero Cavalcanti. Uma na noite de ontem, quando três detentos escaparam e um já foi recapturado. No dia 15, nove detentos haviam fugido, sendo que cinco já foram recapturados. Nos dois casos, os detentos pularam a muralha usando uma corda de lençóis.
Na última segunda-feira (26) o Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) fez uma sessão secreta para analisar um relatório sobre as condições do sistema prisional alagoano. Durante mais de duas horas, os conselheiros analisaram fotos e documentos que apontam falhas na estrutura dos presídios e a escassez de agentes penitenciários para fazer a guarda dos presos.
O Conseg pediu a adoção de medidas urgentes para minimizar os problemas enfrentados pela população carcerária. Uma delas é a apresentação de um calendário de reformas no sistema. O conselho quer um cronograma de obras a apresentação de uma estratégia para suprir a carência do efetivo.
Dário César afirmou ser favorável a todos os pedidos do Conseg em relação ao sistema prisional, mas que nem tudo é possível fazer. “Eu sei que os presídios necessitam de uma série de reformas, mas e o dinheiro? Peço que o Conseg aponte a verba para que possamos fazer as melhorias”, sugeriu o secretário.

Fonte: Da Redação com Tudo na Hora

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